Valorizar os professores é resistir contra o retrocesso e lutar pela verdadeira educação pública

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Valorizar os professores é resistir contra o retrocesso e lutar pela verdadeira educação pública

Hoje, 15 de outubro, celebramos o Dia das Professoras e dos Professores, mulheres e homens que dedicam suas vidas a educar, formar cidadãos e transformar a realidade por meio do conhecimento. Como professor formado em Biologia, e hoje em meu terceiro mandato como deputado estadual, reafirmo com orgulho e convicção: a educação pública, gratuita e acessível é a maior ferramenta de transformação social que existe.

Na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), sempre mantive a defesa firme da educação e de todos os seus profissionais. Fui presidente da Comissão de Educação e, desde o meu primeiro mandato, atuo como membro titular. Tenho proposto leis e ações que visam fortalecer a rede pública de ensino, melhorar as condições de trabalho dos educadores e garantir que nossas escolas sejam espaços de conhecimento, inclusão e cidadania.

Mas o que temos visto, lamentavelmente, é um profundo descaso do governo estadual com a educação. Enquanto nossos professores enfrentam salários defasados, estruturas precárias e salas de aula superlotadas, o governo de Mato Grosso prefere investir em modelos autoritários e excludentes.

Em janeiro deste ano, o governador Mauro Mendes sancionou a Lei nº 12.786/2025, que institui o Programa de Escolas Estaduais Cívico-Militares. Essa legislação permite que militares da reserva assumam cargos de direção e coordenação nas escolas, sem formação pedagógica. Isso é um atentado contra o princípio da gestão democrática do ensino, garantido no artigo 206 da Constituição Federal. É inaceitável transformar nossas escolas em quartéis, substituindo educadores qualificados por pessoas sem preparo pedagógico.

Mais grave ainda: enquanto militares recebem salários vultuosos, nossos professores seguem lutando por reajustes dignos. De acordo com dados do Dieese (2024), o salário médio dos professores da educação básica é 37% inferior ao de profissionais com o mesmo nível de escolaridade. Em Mato Grosso, a defasagem salarial chega a quase 30% em relação ao piso nacional da categoria.

Por isso, o Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores (PT-MT), sob minha presidência, ingressou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) contra essa lei. Nosso objetivo é impedir esse retrocesso e defender o direito a uma educação pública verdadeiramente democrática, plural e participativa.

A perseguição ao pensamento crítico e à representação estudantil também mostra o projeto autoritário em curso. Recentemente, nos manifestamos com indignação diante da tentativa do governo estadual de excluir a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) dos segmentos que representam os estudantes no Conselho Estadual de Educação.

“É um absurdo que se tente calar uma entidade histórica como a UNE, que há 87 anos luta pelos direitos dos estudantes em todo o país! Querem eliminar o contraditório, excluir a juventude e enfraquecer a democracia nas escolas”, afirmou Barranco.

A exclusão das entidades estudantis é um golpe contra a representação legítima dos estudantes e fere frontalmente a gestão democrática. A voz dos estudantes deve estar dentro do Conselho, e não silenciada por conveniências políticas. Essas ações revelam um projeto de poder que tenta sufocar a autonomia das escolas, a liberdade de cátedra e o protagonismo dos educadores e estudantes. Mas nós não vamos nos calar. Continuaremos sendo a voz de quem acredita que educar é libertar, não controlar.

Segundo o IBGE (Pnad 2023), mais de 3,8 milhões de crianças e adolescentes estão fora da escola no Brasil, e 40% dos jovens do ensino médio pensam em abandonar os estudos. Diante dessa realidade, é inaceitável que o governo de Mato Grosso prefira gastar milhões com fardas e cargos militares enquanto faltam merenda, transporte e valorização profissional.

Neste Dia das Professoras e dos Professores, a minha mensagem é de resistência e esperança. Resistência contra o autoritarismo e o desmonte da educação pública; esperança em um futuro onde nossos educadores sejam respeitados, nossos estudantes sejam ouvidos e nossas escolas sejam espaços de liberdade e pensamento crítico.

Educar é um ato de coragem. Ensinar é um ato de amor e resistência.
E é ao lado das professoras, professores, estudantes e trabalhadores da educação que seguiremos lutando, porque sem educação pública de qualidade, não há democracia, não há justiça, e não há futuro.

Valdir Barranco (PT) - Deputado Estadual, professor e biólogo. Ex-presidente e membro titular da Co

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