Democracia se constrói com coragem, com diálogo e, sobretudo, com representatividade. É com esse compromisso que nós, do Partido dos Trabalhadores de Mato Grosso (PT-MT), anunciamos um gesto histórico, ousado e profundamente democrático: realizaremos um rodízio nas duas cadeiras que ocupamos na Assembleia Legislativa de Mato Grosso. Tanto eu, Valdir Barranco, quanto o companheiro deputado Lúdio Cabral, nos licenciaremos temporariamente de nossos mandatos para dar espaço a cinco valorosos companheiros e companheiras suplentes, que representam a diversidade, a luta e a esperança do nosso povo.

A partir deste mês de maio, durante cinco meses, a bancada do PT-MT será ocupada, em ciclos de 30 dias, pelos seguintes nomes: Professor Henrique Lopes, Professora Graciele, Professora Edna Sampaio, a indígena Eliene Xunakalo e Altir Peruzzo. Cada um deles carrega a força das suas bases, das suas histórias e das suas causas. Essa iniciativa não é apenas uma ação institucional, é um ato de solidariedade política, de reconhecimento e de compromisso com a democracia popular.

Essa é a cara do PT. Um partido que nasceu nas greves, nas periferias, nas escolas, nos quilombos e aldeias, e que continua, sob a liderança do presidente Lula, a ser o instrumento mais potente da transformação social no Brasil. Lula que, mesmo após todo o massacre político e jurídico que sofreu, voltou com mais força e aprovação popular do que nunca. Hoje, o presidente Lula governa com mais de 54% de aprovação, e em Mato Grosso, onde enfrentamos um governo estadual elitista e indiferente à dor dos que mais precisam, sua força continua ressoando nos movimentos sociais, nos assentamentos, nas universidades e nas comunidades tradicionais.

Esse rodízio é também um gesto pedagógico. Em um estado em que apenas 1 das 24 cadeiras da ALMT é ocupada por mulher, e onde a presença indígena no parlamento estadual é inexistente, o PT mostra, com ações concretas, que é possível e necessário mudar essa realidade. Nosso mandato coletivo vai refletir o Brasil real: aquele das professoras que educam com resistência, das mulheres que lutam para ocupar o que é seu por direito, do povo indígena que defende o território e a vida, dos trabalhadores que constroem o país todos os dias.

Quem são os representantes desse rodízio:

Professor Henrique Lopes: Começa com ele, de Alta Floresta. Professor e militante do movimento sindical, Henrique é um quadro político preparado e comprometido com a educação pública, os servidores e o combate à desigualdade. Tem atuação destacada no movimento negro e no enfrentamento ao racismo estrutural. Sua presença na ALMT será de resistência e altivez.

Professora Graciele: De Sinop, coração do norte de Mato Grosso, Graciele é educadora, ex-vereadora pela cidade, ativista da educação pública e das pautas feministas. Representa uma região dominada pelo agronegócio, mas onde pulsa forte a luta por justiça social, por moradia, por educação. Sua voz carrega a força das mulheres do campo e da cidade.

Professora Edna Sampaio: Uma das mais respeitadas lideranças progressistas da capital, Edna já foi vereadora por Cuiabá, sendo a primeira mulher preta eleita pelo PT na cidade. Feminista, intelectual, combativa e antirracista, Edna é símbolo de luta e superação. Sua passagem pela Assembleia será um respiro de lucidez em um parlamento dominado pela elite econômica.

Eliene Xunakalo: Será a primeira mulher indígena a ocupar uma cadeira no parlamento estadual mato-grossense. Mulher do povo Xunakalo, guerreira da floresta e da ancestralidade, Eliene traz consigo as pautas urgentes dos povos originários: a demarcação de terras, o combate ao garimpo ilegal, a defesa dos rios e da vida. É mais que representatividade: é justiça histórica.

Altir Peruzzo: De Juína, Altir é agricultor familiar, ex-prefeito, militante do desenvolvimento sustentável e das políticas públicas no interior. Em sua trajetória, sempre esteve ao lado dos assentados, dos pequenos produtores, dos trabalhadores e trabalhadoras rurais. Sua experiência será essencial para dar voz ao interior profundo e esquecido pelo atual governo estadual.

Um mandato coletivo, popular e democrático

Com esse rodízio, o PT de Mato Grosso mostra ao estado e ao Brasil que fazer política é partilhar poder, é colocar as estruturas a serviço da coletividade. Não é vaidade, não é teatro, é coerência com o que defendemos em nossas campanhas, é a materialização de um projeto de sociedade onde ninguém solta a mão de ninguém.

Acreditamos que representatividade importa, e que fortalecer nossos quadros é fortalecer o próprio partido. Afinal, em 2022, o PT elegeu a maior bancada da história no Congresso Nacional, e aqui no estado, mesmo com todas as dificuldades, resistimos com propostas, fiscalizações, denúncias e projetos de lei que enfrentam o autoritarismo e o fascismo ainda presente em muitas instâncias do poder estadual.

Este rodízio é, portanto, uma ação simbólica e prática. Ele mostra que há outro caminho possível, uma política em que as vozes das mulheres, dos indígenas, dos professores, dos pretos e das pretas, dos trabalhadores e trabalhadoras não apenas ecoem, mas governem, decidam e legislem.

Seguiremos firmes. Com Lula, com o povo e com o PT.