Deputado pede desapropriação de fazendeiro que contaminou o Pantanal com veneno usado em guerra

Barranco apresentou uma indicação ao presidente do Incra para as fazendas serem promovidas para Reforma Agrária, como prevê a Constituição Federal

Deputado pede desapropriação de fazendeiro que contaminou o Pantanal com veneno usado em guerra

O deputado estadual Valdir Barranco (PT) apresentou nessa quarta-feira (17), durante sessão realizada na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (Almt), uma indicação ao presidente nacional do Incra, César Aldrighi, solicitando a desapropriação das 11 fazendas do pecuarista Claudecy Lemes, que contaminou e desmatou 80 mil hectares do Pantanal com o agrotóxico ‘Agente Laranja’, já usado em guerra. A desapropriação das fazendas, localizadas em Barão de Melgaço, seriam para a reforma agrária e assentamento de famílias rurais mato-grossenses.

Segundo o parlamentar, a Constituição Federal prevê a destinação dessas áreas em casos de destruição ambiental por parte dos proprietários. “A Constituição Brasileira é bem clara e diz que quando esse tipo de crime absurdo acontece e quando o proprietário destrói e não garante a conservação dos recursos naturais e preservação do meio ambiente, a área deve ser destinada a reforma agrária para o assentamento de trabalhadores e trabalhadoras rurais. Nós vamos trabalhar muito para que isso aconteça”, afirmou.

Denunciado no último domingo, em reportagem nacional do programa Fantástico, o fazendeiro Claudecy Oliveira Lemes, que gastou R$ 25 milhões em agrotóxicos para desmatar uma área preservada no Pantanal no tamanho de 80 mil hectares, é alvo da Operação Cordilheira, para cumprimento de ordens judiciais de arresto, sequestro e indisponibilidade de bens referente ao desmate químico nas 11 propriedades onde o produto foi utilizado. Pelo crime ambiental cometido ele foi multado em mais de R$ 2,8 bilhões, a maior sanção administrativa já registrada pela Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema-MT).

Os investigadores dizem que a intenção do fazendeiro era aniquilar a vegetação mais alta. Isso resultou em imensas manchas cinzas na paisagem, formada de árvores que perderam todas as folhas – resultado de um processo chamado de desfolhamento químico, obtido quando se faz uma pulverização criminosa ao lançar de avião toneladas de agrotóxicos sobre a mata preservada.

“Isso é um absurdo sem tamanho. Enquanto a gente luta pela preservação e pela vida, o dono de 11 fazendas gastou R$ 25 milhões em substâncias ultratóxicas para destruir 80 mil hectares de mata nativa do Pantanal para plantar capim e criar gado. Isso contaminou os animais, a água, o solo. A preservação do Pantanal deve ser um compromisso nosso, uma prioridade do país. Nós vamos cobrar uma ação efetiva. Não ficará impune”, disse Barranco.

A conduta investigada resultou na mortandade de espécies arbóreas mediante o uso irregular e reiterado de 25 tipos de agrotóxicos em área de vegetação nativa, promovendo o desmatamento ilegal em 11 propriedades rurais. A aplicação dos produtos tóxicos se deu por via aérea, o que agrava ainda mais a situação. O Pantanal, por se tratar de área alagada, possibilita que as substâncias químicas sejam conduzidas pelas águas e atinjam a fauna, a ictiofauna e até mesmo os seres humanos, com a contaminação dos rios.

Pedro Velasco

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Laercio Dias

Laercio Dias

Ótimo
★★★★★DIA 18.04.24 20h01RESPONDER
Pedro Velasco
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