Deputado Barranco denuncia ataque do Governo Mauro Mendes à educação quilombola

Parlamentar critica tentativa de municipalização da Escola Quilombola José Mariano Bento e cobra respeito aos direitos das comunidades

Deputado Barranco denuncia ataque do Governo Mauro Mendes à educação quilombola

O deputado estadual Valdir Barranco (PT) manifestou forte oposição à tentativa do governo Mauro Mendes (União Brasil) de municipalizar a Escola Quilombola José Mariano Bento, localizada no território quilombola Vão Grande, em Mato Grosso. O parlamentar classificou a medida como um grave ataque à educação pública e quilombola, destacando que a decisão foi tomada sem diálogo com as comunidades afetadas, ferindo diretrizes da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário.

“Ao invés de investir na ampliação e no fortalecimento da educação quilombola, o governo Mauro Mendes segue com sua política de fechamento de escolas e municipalizações forçadas, ignorando a realidade das comunidades tradicionais. Essa medida arbitrária desconsidera a importância da escola para a identidade cultural, a resistência territorial e a formação das novas gerações quilombolas”, criticou Barranco.

A proposta de municipalização da Escola José Mariano Bento gerou indignação entre as lideranças quilombolas, que denunciam a ausência de consulta prévia sobre a mudança. Além disso, a Diretoria Regional de Educação de Tangará da Serra (DRE-Tangará) passou a ofertar disciplinas a professores que não pertencem às comunidades quilombolas, desrespeitando um dos pilares da educação quilombola: a participação da comunidade na escolha dos docentes.

“A escola quilombola não é apenas um espaço de ensino, mas um local de transmissão de saberes ancestrais, um território de resistência cultural e social. Quando se ignora as vozes das comunidades, o governo nega um direito básico e impõe um modelo educacional que não atende às necessidades desses povos”, pontuou o deputado.

Os desafios da educação quilombola em Mato Grosso são evidentes. Apesar de o estado abrigar mais de 11 mil quilombolas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem apenas cinco escolas quilombolas oficialmente reconhecidas. A falta de concursos públicos específicos para a formação de docentes quilombolas também dificulta a contratação de professores comprometidos com a valorização da cultura e da identidade das comunidades.

“Ao invés de garantir acesso à educação de qualidade, o governo Mauro Mendes impõe políticas que enfraquecem ainda mais o ensino nas comunidades quilombolas. A municipalização da Escola José Mariano Bento pode resultar na transferência dos alunos para escolas distantes, obrigando-os a percorrer longas distâncias em estradas precárias, o que aumenta a evasão escolar”, alertou Barranco.

O parlamentar também criticou o histórico de descaso do governo estadual com a educação pública. “Essa é mais uma tentativa do governo Mauro Mendes de desmontar a educação em Mato Grosso. O fechamento de escolas e a retirada da gestão estadual dessas unidades são medidas que precarizam o ensino, prejudicando crianças, jovens e adultos que têm na escola um direito fundamental”, reforçou.

As comunidades quilombolas do Vão Grande e movimentos sociais seguem mobilizados para barrar a municipalização da Escola Quilombola José Mariano Bento. O Comitê Popular das Águas e do Clima do Rio Paraguai/Pantanal, junto a outras entidades, também se solidarizou com a luta quilombola, defendendo que a escola permaneça sob gestão estadual e funcione em tempo integral.

“Queremos escolas abertas e de qualidade, que respeitem os interesses dos territórios quilombolas e garantam acesso à educação perto de casa. Não aceitaremos decisões autoritárias do governo que ignoram o direito das comunidades de serem consultadas sobre mudanças que impactam suas vidas”, afirmaram as lideranças quilombolas em nota.

Pedro Velasco

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