Comissão de Educação homenageia centenário de Paulo Freire

O centenário do patrono da educação brasileira será celebrado em 2021

Comissão de Educação homenageia centenário de Paulo Freire

Fablicio Rodrigues / ALMT

A Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura e Desporto da Assembleia Legislativa de Mato Grosso realizou reunião extraordinária em homenagem ao centenário de Paulo Freire, nesta segunda-feira (21). Reconhecido como patrono da educação brasileira (Lei 12.612/2020), Paulo Freire completaria 99 anos em 19 de setembro deste ano, caso estivesse vivo, e seu centenário será celebrado em 2021.

O presidente da Comissão de Educação, deputado estadual Valdir Barranco (PT), destacou a importância do filósofo e educador para a educação brasileira e afirmou que esta é a primeira das diversas atividades que serão promovidas pela comissão.

“Paulo Freire é considerado um dos pensadores mais notáveis da história da pedagogia mundial, tendo influenciado um movimento chamado Pedagogia Crítica […] Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência política […]. Foi o brasileiro mais homenageado da história, com pelo menos 35 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades da Europa e América, e recebeu diversos galardões, como o prêmio da Unesco de Educação para a Paz em 1986”.

A reunião também contou com a presença de Selvino Heck, coordenador do Conselho de Educação Popular da América Latina e Caribe (CEAAL Brasil) e ex-deputado estadual do Rio Grande do Sul, que ministrou palestra com o tema “Ações da Campanha Latino-Americana e Caribenha em defesa do legado de Paulo Freire”. Lançada na semana passada, a campanha conta com a participação de diversos movimentos, organizações e entidades sociais e tem como principal objetivo “contrapor-se à ofensiva ideológica contra o pensamento crítico e, em particular, às ideias de Paulo Freire” e “defender a importância do seu legado”.

Selvino Heck ressaltou a trajetória do educador e suas contribuições para a educação no Brasil. Segundo ele, Paulo Freire começou a trilhar um processo de mobilização para ter um programa de alfabetização quando percebeu que grande parte da população brasileira não sabia ler nem escrever.

“A ideia era alfabetizar mais de um milhão de brasileiros. Nesse meio tempo, aconteceu o golpe militar de 64. Paulo Freire foi preso e exilado. Foi para o Chile, de onde escreveu duas obras fundamentais: Educação como Prática da Liberdade e Pedagogia do Oprimido. A partir daí, o chamado método Paulo Freire se espalhou pelo mundo e grande parte dos movimentos sociais da época adotou também a pedagogia crítica e libertadora que ele defendia”, frisou.

A deputada federal Rosa Neide (PT) afirmou que o filósofo e educador foi sua inspiração para se tornar professora e se posicionou contra as críticas feitas ao trabalho desenvolvido por ele.

“Na tribuna da Câmara, vejo pessoas que nunca leram nada de Paulo freire e dizem que ele fez um método para deixar os brasileiros analfabetos. Infelizmente, o analfabetismo de algumas pessoas faz com que ideias deturpadas povoem a população brasileira, mas as nossas universidades, academias e os cidadãos que têm consciência política e social conhecem o que ele pensa”.

A secretária estadual de Educação, Marioneide Kliemaschewsk, fez uma reflexão acerca dos ensinamentos de Paulo Freire sobre a importância de levar em consideração a realidade dos alunos e ressaltou a influência dele em sua formação e atuação.

“O grande legado de Paulo Freire, para mim, é, primeiro, saber que nós precisamos, de fato, impregnar de sentido o que fazemos a cada minuto em sala de aula. Uma frase que ele dizia e que eu gosto muito é que pedagogia é um ato solidário, e não solitário. É um ato de amor”.

O professor-adjunto da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), doutor em Política Científica e Tecnológica e mestre em Sociologia Política, Laudemir Luiz Zart, reforçou a importância dos trabalhos de Paulo Freire e da educação pública.

“Desde o início, ele não foi um educador que se fechou nos espaços da universidade. Ele sempre foi ao centro da cultura e da economia. Ele pensou a escola não como sistema fechado, mas como sistema de participação social”.

Heleno Araújo Filho, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), salientou a relevância da campanha em defesa do legado de Paulo Freire e informou que a entidade lançará ainda este mês uma revista em homenagem ao educador. Presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), Valdeir Pereira reforçou a relevância da educação pública e a necessidade do seu fortalecimento por parte do poder público.

“Paulo Freire influenciou de maneira importante e positiva as últimas gerações de professores deste país. Cabe agora aos aparelhos de Estado construir condições para que essa metodologia possa ser tratada de maneira majoritária em nossa sociedade”, declarou o deputado estadual Wilson Santos (PSDB).

Renata Neves

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