Barranco: ‘denúncia de Gerson não é conversa de boteco, é muito grave’

O militar revelou que promotores de Justiça estariam envolvidos em interceptações telefônicas ilegais

Barranco: ‘denúncia de Gerson não é conversa de boteco, é muito grave’

O deputado estadual Valdir Barranco (PT) destacou, nesta quarta-feira (17), que a declaração do cabo da Polícia Militar, Gerson Luiz Ferreira Correia Junior, em que denuncia envolvimento de membros do Ministério Público Estadual no esquema de interceptações telefônicas não é uma ‘conversa de boteco’.

O militar revelou, no pedido de reinterrogatório por meio de despacho do último dia 5, que promotores de Justiça teriam feito notas frias e de terem viabilizado as investigações e ações judiciais. Gerson ainda teria apresentado provas que apontam que os áudios e vídeos das operações do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado foram manipulados.

No depoimento desta quarta, Gerson disse que os promotores receberam dinheiro como uma espécie de ‘verba indenizatória’, pois havia apropriação de valores na prestação de contas que, segundo ele, eram apresentadas de ‘forma estranha’. Além de falsificação da assinatura de um analista para seguir com as investigações instauradas contra supostos criminosos.

“O depoimento do Gerson não é uma fala de boteco, é um depoimento público que vai ficar nos autos. Então é muito grave. Se ele falou é porque nessa fumaça deve haver fogo e a Assembleia tem o dever e a obrigação de também participar disso, até porque tivemos pessoas comuns da sociedade como advogados, médicos, juízes, membros deste Parlamento à época e atuais que, nas declarações dos militares, foram envolvidas e grampeadas”, disse.

Barranco ressaltou que a Assembleia Legislativa não pode aceitar isso, pois liberdade individual é algo que a democracia tem que preservar e se os promotores realmente cometeram esses crimes, a deputada Janaina Riva (MDB) está correta em pedir que o procurador-geral, José Antônio Borges, vá à Casa de Leis prestar esclarecimentos.

O parlamentar ainda disse que, se assim for necessário, que a AL possa usar de suas prorrogativas com uma Comissão Parlamentar de Inquérito para que possa apurar esses crimes.

“Essa Grampolândia eu nem chamo de pantaneira porque isso é muito ruim e os pantaneiros não merecem. Isso já deveria ter sido resolvido. O Ministério Público se esquiva disso e eu sempre desconfiei que havia algo errado em torno disso”, destacou.

Barranco ressaltou que o papel do Ministério Público é investigar qualquer um que cometa ou tenha indícios de cometer um crime e vai para cima. Mas, quando se trata do ex-governador Pedro Taques (PSDB), o órgão ministerial sempre fez de conta que não era com eles. ‘Sempre desconfiei que tinha caroço nesse angu’.

O deputado disse que Taques, quando governador, ainda tinha a desculpa de estar protegido pelo foro privilegiado, mas agora ele não ocupa mais o cargo. Analisando que os militares estão sendo prejudicados por terem participado desse esquema, porém não foram eles que o coordenaram, tinha um cérebro por trás disso, um mentor intelectual e um econômico que financiou isso e o dinheiro não foi do bolso deles, mas do Estado.

“Esse dinheiro saiu dos cofres públicos para equipar toda essa indústria de grampos, é o maior atentado contra as liberdades individuais do mundo - quem me acompanhou na Legislatura anterior ouviu eu dizer isso – não teve na história um atentado como esse”, pontuou.

Barranco acredita que isso tenha servido de lição para o MP, pois independente de quem seja, no momento em que tiverem uma denúncia é preciso ir a fundo, porque depois sobra para eles.

“O que estou vendo é que pode sobrar para os membros do MP que se esquivaram, por um motivo ou outro, de cumprir o seu papel, que é de proteção do Estado de direito, de levar às barras dos tribunais que ousaram atentar contra o patrimônio, o erário e o sistema público”, disse.

Luana Valetin - Leiagora

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