Marcha das Margaridas: O ato de revolução e luta
Artigo

Desde o ano 2000, mulheres de todo o Brasil marcham inspiradas pela história de Margarida Maria Alves, liderança assassinada por defender os direitos de trabalhadoras e trabalhadores rurais. Uma mulher, cujo nome e sobrenome, carregam consigo a história da luta das mulheres no Brasil e no Mundo. Desde o seu surgimento, a Marcha vem se construindo como a maior e mais efetiva ação de luta das mulheres do campo, da floresta e das águas, contra a exploração, a dominação e todas as formas de violência e em favor de igualdade, autonomia e liberdade para as mulheres.
A Marcha das Margaridas é a maior ação de mulheres da América Latina e leva à capital federal as propostas e os quereres de quem produz comida sem veneno para nossa população. Somos uma potência agroambiental graças a milhões de margaridas que produzem alimentos saudáveis para nossas cidades, garantindo a soberania alimentar e a preservação de nossas sementes crioulas, dos ecossistemas e da biodiversidade.
Em 2023, durante os dias 15 e 16 de agosto, a Marcha das Margaridas terá sua sétima edição na capital federal. Sendo um espaço importante na articulação e acumulação de forças feminista no Brasil e América Latina, e que carrega o nome de Margarida como continuação de suas lutas e vitórias, tendo o objetivo de diálogo político com o Governo Federal, por meio de suas pautas, da denúncia e da pressão ao Estado.
As mulheres já estão mais uma vez no centro do poder, em Brasília, para serem vistas, ouvidas e para propor a elaboração de políticas públicas que melhor atendem as demandas das agricultoras e agricultores familiares de todo o país. A Marcha é um ato de resistência aos retrocessos sociais sofridos nos últimos 6 anos, e para exigir o fim do racismo e da violência contra as mulheres, defender os direitos humanos e o meio ambiente.
A Marcha teve seu nascimento no ano de 2000 e contou desde o início com a organização central da CONTAG (Confederação Nacional dos trabalhadores na Agricultura), FETAG (Federação dos trabalhadores na Agricultura) e STTRs (Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais). O MST (Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra), assim como outros movimentos que integram a Via Campesina também fazem parte da organização da Marcha.
Mas, ao longo dos anos, outros movimentos sindicais, feministas e movimentos de mulheres, - sendo a Marcha Mundial de Mulheres um importante exemplo desses movimentos - passaram a integrar toda a organização da marcha, tanto para os dias do evento em si, como para todo o processo de debates em torno das pautas, formações políticas e mobilização, que traz alguns temas centrais como, por exemplo, as condições de vida do mundo do trabalho, reforma agrária, soberania alimentar, direitos reprodutivos das mulheres, entre outros.
A vitória do nosso presidente Lula em 2022 marca um importante momento na história recente do nosso país. Após seis anos de grandes retrocessos, especialmente direcionado às condições trabalhistas, violência no campo e questões de gênero, temos agora uma possibilidade de respiro, para assim, poder organizar as lutas, os movimentos, partidos e as massas em torno da relação com o governo e das formas de pressionar em torno dos direitos e condições de vida da classe trabalhadora. É momento de repensar estratégias de luta, mas sobretudo de voltar e ocupar às ruas.
A Marcha das Margaridas é fruto de muito esforço, dedicação e luta, e é um dos maiores movimentos de mulheres de toda a América Latina, conseguindo aglutinar mulheres, movimentos e organizações de diversos países na luta em comum em prol da democracia e da vida das mulheres. Mesmo estando em um governo eleito com a participação ativa das mulheres, a luta e a pressão popular continuarão.
Valdir Barranco - Deputado estadual e Presidente estadual do PT-MT
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